Linn Holmstedt - Whipping Post

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É como a luz do Sol se fazendo gradativamente presente com o crepúsculo do amanhecer. Se evidenciando por detrás das silhuetas das montanhas ao longe no horizonte, ele não traz somente o prelúdio do calor. Ele vem agraciado pela disseminação ilimitada de vivacidade, intensidade e calor. Sonorizado, inicialmente, através de uma guitarra de riff borbulhante e aveludado controlado por Eric Gales, esse ecossistema ainda conta com punchs sonoros que enaltecem a sua essência envolta em adrenalina.


A partir do momento em que a bateria sai dos rígidos golpes pulsantes e passa a se movimentar de maneira mais fluida, a canção extravasa certo grau de perigo, provocação e sensualidade providenciados por um andamento rítmico-melódico não apenas swingado, mas embebido em um acentuado olhar de autoconfiante ardência. O interessante, nesse ínterim, é perceber, ao fundo, a presença de um baixo de groove encorpado cuja desenvoltura adota uma simétrica identidade, rebolante, swingada e amaciada.


No instante em que a obra enfim flui para o primeiro verso, ela dá a chance para que o ouvinte se delicie e deguste do timbre adocicado e equilibradamente grave de Linn Holmstedt, o qual, inclusive, fornece bastante similaridade em relação àquele de Taylor Momsen. A partir de sua interpretação lírica, é inevitável e, portanto, inquestionável a constatação de que a sensualidade é enaltecida.


Fresca e de levada rítmica simultaneamente simples, requebrada e linear, a canção, através dos pontuais gritos regozijantes da guitarra, consegue explorar o calor e o suor pegajoso. Essas qualidades, por sinal, recebem uma atenção superior conforme a composição assume um crescendo rumo ao refrão. O interessante, nesse ínterim, é a necessidade de pontuar que a composição, invariavelmente, acaba propondo um relacionamento direto entre o torpor e a pungência através de melodias que vão do doce ao áspero com notável versatilidade.


Eis que, de maneira mais transparente e incapaz de ser ignorada, a camada harmônica impõe o seu lugar na receita estrutural da composição. E isso acontece, em especial, na frase que faz a transição entre o refrão e a segunda metade da obra. Nesse instante, os sabores doces e ácidos do teclado, que por vezes podem ser de textura aveludada, mostram a desenvoltura do instrumento em se adaptar entre a sonoridade tanto do wurlitzer quanto do fender rhodes, uma combinação estética que salienta a presença do soul em meio ao folk bluesado que faz e Whipping Post uma faixa irresistivelmente contagiante.


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Sobre o crítico musical

Diego Pinheiro

Quase que despretensiosamente, começou a escrever críticas sobre músicas. 


Apaixonado e estudioso do Rock, transita pelos diversos gêneros musicais com muita versatilidade.


Requisitado por grandes gravadoras como Warner Music, Som Livre e Sony Music, Diego Pinheiro também iniciou carreira internacional escrevendo sobre bandas estrangeiras.