
Ela já tem um nascimento marcado por uma atmosfera explosiva, provocante e solar. Entre uma bateria de frases pungentes comandadas por Ryan Weiss e uma guitarra cuja movimentação saliente, no comando de Riley Rogers chega a fazer o ouvinte transpirar como se estivesse no limiar entre a adrenalina e a libido, a faixa comunica, surpreendentemente, a existência de uma cama harmônica que não apenas sustenta a sonoridade restante, mas, acima de tudo, informa a precisão ligeiramente psicodélica com que o teclado explora o toque adocicadamente ácido típico do hammond.
Fluindo para uma estrutura de aparência groovada viciante, que, curiosamente, traz o baixo de Spencer Wharton de forma suave, a canção logo permite o despertar do enredo lírico, algo que acontece por meio de uma voz masculina que entra em cena sob uma silhueta brevemente ecoante que rememora, mesmo que suavemente, a paisagem estética adotada pelo Rival Sons em suas respectivas músicas. Se mostrando ligeiramente perigosa em meio à assumição de uma postura altiva e rebelde, a faixa se destaca por, durante o refrão, evidenciar sua fusão musical ampla.
Durante tal recorte sonoro-narrativo, a obra consegue oferecer ao ouvinte a percepção de que, nela, folk, roots rock, hard rock e a psicodelia caminham lado a lado e em perfeita sintonia. Por meio desses ingredientes, a faixa consegue chamar a atenção do espectador e trazê-lo para si, o prendendo com sua sensualidade irresistivelmente hipnótica até dar o bote fatal, o qual cabe ao enredo lírico.
Nesse aspecto, o The Infamists optou, corretamente, em misturar uma sonoridade contagiante com um lirismo de base reflexiva e questionadora. Afinal, em Lonestar Woes, além de existir um encontro entre Led Zeppelin, o já citado Rival Sons, e o Greta Van Fleet, há um storytelling que fala sobre o circo que se tornou a política moderna. Endereçada a todo e qualquer país que esteja perdendo o controle, a faixa é marcada por seus tons satíricos e debochados entorno do cenário governamental.